Olá a todos, especialmente a ti.
A pedido de muitas famílias, ou então só porque me apetece, um novo tema entrará em discussão neste espaço frequentado por boa gente, ou então nem sempre. Dilemas à parte, neste post será feita uma análise dos 5 anos de permanência do jornal Grito Livre (GL) nas nossas vidas, onde se irá reflectir sobre a sua influência no quotidiano dos torcatenses.
O (re)aparecimento deste jornal, boletim, pasquim, chamem-lhe o que quiserem, não há dúvidas que foi um passo importante para colmatar uma área que, apesar de estarmos num meio relativamente pequeno, apresentava um grande vazio – a informação. Houve quem já o chamasse de “jornaleco”, de aparência física é, sem dúvida, mas no que diz respeito à importância que tem no nosso meio, pode-se dizer que é um jornal, um jornal que foi crescendo a todos os níveis desde o seu (re) aparecimento, pois para quem se lembrar das primeiras edições e comparar com as edições de agora denota várias diferenças e um significativo crescimento, principalmente em estrutura e quantidade de conteúdo (a primeira edição tinha uma notícia, os marretas à sombra, o direito de opinar e um ou dois passatempos). Concordo com quem possa dizer que, actualmente, ainda podia melhorar bastante e ganhar outra dimensão, mas será que há essa possibilidade tendo em conta as condições em que é feito? Quando me refiro a condições, não estou a falar apenas da parte financeira, mas principalmente em relação à disponibilidade dos seus editores, uma vez que o GL é editado por uma equipa inserida no CRCA que faz esta actividade como hobby, com um tempo disponível bastante reduzido. Posto isto, o GL dedica-se à simples transmissão de informação (para além de alguns espaços de opinião) sem que haja um jornalismo puro, de investigação, pressão e crítica, que muitos desejariam, que eu próprio desejaria e imagino que os responsáveis também. A nível de notícias, estas são dadas por este jornal de um modo meramente informativo e normalmente dizem respeito a acontecimentos que as várias entidades torcatenses promovem, sendo feito um relato do que se passou ou do se vai passar, isto falando de um modo muito superficial. Com isto quero dizer que talvez só falta este aspecto (jornalismo de investigação) para o GL se tornar ainda mais jornal e aumentar a sua aceitação na vila, mas para o jornalismo de investigação é preciso tempo. Com as condições actuais que referi isto ainda não é possível, nem se pode exigir mais, contudo, penso que no futuro, se for vontade geral, com outra envolvência de várias entidades e torcatenses dispostos a colaborar, é uma ideia a concretizar. Se não se concretizar e não for vontade geral, penso que S.Torcato já se encontra muito melhor do que estava, antes do GL reaparecer. Continuará pequeno em tamanho e limitado em capacidade de jornalismo dinâmico. O Grito Livre pode-se definir como o jornal do povo e para o povo: pequeno, leitura agradável, esclarecedor, opinião (a maioria) popular, abrange quase todas as áreas de interesse, permite que qualquer torcatense dê a sua opinião num espaço dedicado para o efeito, escrita simples, lê-se em meia horita, enfim, já dizia Gilbert K. Chesterton, “The simplification of anything is always sensational”(traduzir). Ui, acho que estou a ficar um grande opinion maker, até já uso citações, e ainda por cima em inglês, fogo, ao que isto chegou.
É óbvio que um trabalho destes, tem sempre aspectos bons e maus, elogios e criticas, verdades e boatos, ou seja, os mentores de um projecto destes tem de estar sujeitos às “acusações” do público alvo, neste caso, os torcatenses. O GL já foi acusado pelas “bocas do povo” de publicar em demasia notícias de promoção de determinadas entidades, nomeadamente da Junta de Freguesia de S.Torcato. Há quem concorde e ache que o GL é o “jornal da junta” e que a junta tem visibilidade e simpatia da população graças à promoção feita pelo GL e há quem discorde e diga que é completamente normal numa freguesia falar-se do que a principal entidade executa, sendo isso o dia-a-dia de qualquer jornal. Sobre este assunto, sei que os responsáveis do jornal e da colectividade, nunca rejeitaram qualquer publicação de qualquer entidade, força politica ou até uma opinião de um torcatense comum, posto isto, a publicação de iniciativas da junta de freguesia é sinal que esta entidade procura promover as suas acções. Está visto que é fácil ter visibilidade, basta querer. Como já referi a vida profissional dos administradores e redactores deste jornal não lhes permite uma constante procura de notícia dos intervenientes da comunidade, logo a lógica de funcionamento deve passar pela solicitação dos intervenientes da comunidade para que as acções sejam publicadas. Não é preciso ir muito longe, na maioria dos meios de comunicação é assim que funciona, os órgãos de comunicação social recebem diariamente nas suas caixas de email, inúmeras solicitações de divulgação e de reportagem. Há quem tenha sugerido que o GL quando ouve a Junta de Freguesia sobre determinado assunto devia sempre ouvir a oposição. Não poderia estar mais de acordo. Mas seguindo a lógica referida, alguma vez, ao longo deste cinco anos, a oposição pediu para ser ouvida? Informei-me e disseram-me que não. Não quero passar a imagem que sou um defensor do jornal ou da junta, não quero mesmo isso, porque uma qualidade que acho que tenho é imparcialidade. Mas para mim este funcionamento é lógico e as criticas são injustas. Lembrei-me agora que convém relembrar que quando o GL reapareceu o executivo da Junta de Freguesia não era o actual e que a política seguida era a mesma, segundo sei.
Como tudo na vida tem aspectos negativos, penso que como situação menos boa, nesta existência do GL, tenho a destacar a irregularidade e atrasos na saída do jornal para as bancas. Não relaciono este desiderato com a escassez de tempo, mas sim com a organização do tempo. Penso que com mais organização, era evitada esta indefinição no que diz respeito às datas de publicação. Eu como leitor, digo que esta situação não é nada confortável e que logo que possível deveria ser repensada e melhorada.
Apesar de tudo, penso que, de um modo geral, nos últimos dois, três anos, o GL conseguiu afirmar-se definitivamente na vida torcatense de modo a que já seja conhecido como ‘O’ jornal de S.Torcato. O GL começou a “mandar” nas conversas de café, desenvolveu o hábito de leitura que para muitos estava “enterrado”, “ensinou” os torcatenses a reflectir e a interessar-se mais sobre a nossa vila, motivou e deu a oportunidade a todas as entidades torcatenses de se mostrarem mais, em suma, a maioria, na minha opinião, saiu a ganhar.
Ao longo destes cinco anos, destaco, a edição que deu a primeira visibilidade considerável ao GL, onde foram entrevistados os candidatos às eleições autárquicas de 2005 de onde Bruno Fernandes saiu vencedor, aí foi o primeiro importante contributo deste jornal. Também, mais recentemente, destaco a inesquecível e mítica reportagem sobre a “bruxaria em vilar” que pelos vistos bateu todos os recordes de vendas, mais parecia o 24 horas. Para terminar, também me ficou na memória, a entrevista a Agostinho Oliveira, ex-presidente da EB2,3 de S.Torcato e actual seleccionador adjunto da selecção nacional, e a abordagem à educação firme que apresentava.
Em relação aos artigos de opinião, devo dizer que acompanho todos eles: Tribunal, Marretas, Direito de Opinar, Piu Piu Piu Papalípapígrafo (no qual participo trimestralmente) e Magrito. Às vezes mais, outras vezes menos, respeito e dou valor a todas eles. Se bem que no tribunal, às vezes saem assim uns disparates...como dizer...bem, uns disparates.
Bom, tenho dito.
Agora, se quiserem, é a vossa vez de fazer a análise.
Comentem, opinem, sejam especialmente activos.
Até breve,
JP
Nota: Reparo que quando me referi ao GL utilizei os termos “reaparecer” e “ressurgimento” e muitos se calhar estão confusos se não tiverem conhecimento que o GL existiu nas décadas de 70 e 80 numa linha bem diferente. Era um jornal de “ataque/defesa” que o CRCA utilizava para, digamos, conversar, com outras entidades da sociedade torcatense (igreja, escuteiros, irmandade...), bem outros tempos. Talvez alguns de vocês conhecem estes tempos bem melhor que eu.